A evolução da Medicina nos últimos anos tem possibilitado tratamentos menos invasivos e que resultam em menor efeito colateral para os pacientes. No caso do câncer de mama, essa premissa tem levado a resultados estéticos satisfatórios mesmo após uma cirurgia de retirada de um câncer, propiciando à paciente, na maioria das vezes, uma vida normal após o tratamento da doença.
“O modelo de tratamento oferecido à paciente vai depender do tamanho do tumor, do tamanho da mama e da expectativa que a paciente tem com o resultado estético. Sempre que possível, a possibilidade de reconstrução deve ser oferecida, discutida com a paciente, para um melhor planejamento cirúrgico e maior êxito com o procedimento”, afirma o Dr. Cleber Henrique Ferreira da Silva, oncologista e mastologista do Hospital e Maternidade Santa Isabel.
O HMSI conta com uma estrutura adequada e profissionais qualificados para realizar todas as técnicas atuais de reconstrução da mama. “Dependendo do tamanho e localização do tumor, algumas mulheres irão se beneficiar da realização de quimioterapia antes da cirurgia – chamada de Quimioterapia Neoadjuvante, para diminuir o tamanho do tumor e a cirurgia ser menos agressiva posteriormente”, avalia Dr. Cleber.
Atualmente, o número de mulheres que fazem mastectomia (retirada total da mama) é muito menor que no passado, devido às novas técnicas cirúrgicas oncoplásticas.
“Antigamente, o procedimento padrão era retirada total da mama. O médico italiano Umberto Veronesi, na década de 80, teve a ideia de associar a retirada parcial da mama ao tratamento oncológico (retirando exatamente um pedaço da mama onde estava localizado o tumor). Ele observou que a taxa de sobrevida e de cura eram as mesmas tanto para esse novo procedimento quanto para a retirada total da mama”, observa.
“Não é o tipo de cirurgia que vai indicar a chance de cura da paciente, mas a associação de várias modalidades de tratamento: cirurgia, quimioterapia, radioterapia e outros, de acordo com o perfil do tumor de cada paciente”, completa Dr. Cleber.
Um dos principais impactos desse novo tipo de abordagem é o psicológico: quando a mulher sabe que após a cirurgia ela terá sua mama preservada, a aceitação ao tratamento é maior. “Sempre que possível, o objetivo é preservar a mama da mulher, porque é um órgão sexual, que impacta diretamente na sua autoestima. Quando ela faz o tratamento e percebe que a mama está normal, a aceitação ao próximo passo é menos traumática – a adesão ao tratamento é bem melhor”, relata.
“Na grande maioria das vezes consegue-se fazer a ressecção da mama, preservando seu formato. E, para aquelas que ficam pequenas, pode-se colocar uma prótese de silicone para manter uma proporcionalidade. Em alguns casos específicos é realizada a retirada de todo o tecido mamário, preservando a pele e aréola, sendo colocada de imediato uma prótese de silicone para manter o formato”, ressalta o médico oncologista.
A cirurgia oncoplástica melhora a autoestima e a aceitação da mulher no pós-tratamento, cuja melhor forma deve sempre ser discutida com o médico, visando sempre à otimização do tratamento oncológico e estético.
“Antes, muitas pacientes se curavam da doença, mas não se sentiam bem devido à retirada total da mama. As técnicas de oncoplastia vieram para preencher essa lacuna e hoje são consideradas como padrão de excelência no tratamento da doença”, finaliza.