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HMSI registra grande incidência de sífilis entre puérperas

By 21 de maio de 2020Notícias

Dos 39 partos realizados pelo Hospital e Maternidade Santa Isabel de gestantes do Sistema Único de Saúde – SUS entre 24 de abril e 19 de maio, um total de 9 gestantes apresentaram testes positivos para o sífilis e quatro recém-nascidos  apresentaram neurossífilis,  uma complicação da doença, que surge quando a bactéria Treponema pallidum invade o sistema nervoso, atingindo o cérebro, meninges e medula espinhal. Esta é uma das principais causas de óbitos de recém-nascidos em todo o mundo.

Os números são considerados alarmantes pela Enfermeira obstetra, coordenadora da Maternidade, Priscila Ribeiro. A ocorrência da sífilis foi notificada pelo HMSI à Secretaria Municipal de Saúde em ofício encaminhado pelo Hospital no dia 18 de maio, já que as gestantes contaminadas pela sífilis são do Sistema Único de Saúde – SUS.

Os quatro recém-nascidos, que apresentaram neurossífilis, permaneceram internados para receber medicamento administrado de forma intravenosa ao longo de dez dias.  Profissionais do corpo de enfermagem do HMSI participaram do curso sobre cateter central de inserção periférica no ano de 2019, que os capacitou para essa intervenção e nos recém-nascidos, porém esse material de alto custo não é repassado pelo gestor municipal ao Hospital, agravando o já dramático quadro de déficit causado pelo atendimento prestado ao SUS.

Teste

O teste para o sífilis faz parte do protocolo do pré-natal da rede pública de saúde. O teste é realizado no primeiro trimestre de gravidez, por solicitação do ginecologista responsável pela atenção a gestante.

Quando a gestante em trabalho de parto é recepcionada pela equipe médica e de enfermagem de plantão do  HMSI, é colhido sangue para testar a titulação da bactéria.

‘O pediatra de plantão interage com a equipe para se informar sobre a existência de sorologia positiva para Sífilis, HIV e outras doenças congênitas para tratamento de eventuais situações patológicas no recém-nascido.  No caso do recém-nascido, quando a doença é detectada na gestante, verificamos se houve o tratamento adequado e se sua titulação nos exames realizados estão de acordo com a boa evolução de cura. É coletado exame de sangue do recém-nascido, logo após o nascimento para verificar a doença. Então, adotamos vários protocolos, como exame específico para sífilis, hemograma, PCR e hemocultura, além de Raios-X dos ossos longos, pois um dos sinais da sífilis congênita  é o efeito sobre a formação óssea. Se o exame do recém-nascido apresentar  titulação maior ou igual ao exame materno para Sífilis, e houver suspeita  de sífilis congênita, dependendo do  grau de titulação, é feita uma punção liquórica – retirada do líquido da espinha da criança para verificar a  possibilidade da contaminação neurológica que é uma das complicações graves da  sífilis congênita. Se não houver essa presença da doença no sistema nervoso central,  a criança é tratada com penicilina e pode receber alta, prosseguindo o tratamento. A mãe é orientada  para que na puericultura sejam  repetidos exames até obtenção do resultado  negativo em relação ao exame hospitalar. Também orientamos se a criança teve sífilis congênita ou  neurossífilis, a realização de exames oftalmológicos, neurológicos e otológicos para  detectar possíveis deficiências já a  partir dos seis meses de idade. Caso a criança apresente neurossífilis no nascimento, a criança permanece internada por pelo menos dez dias, recebendo penicilina. O Departamento de Pediatria está extremamente preocupado com o número de casos que vem aumentando ano a ano’, esclarece o médico Pediatra Nereu Rodolfo Krieger da Costa, que integra o Serviço de Obstetrícia e Neonatologia do HMSI.

‘Em muitos casos temos observado que a doença não foi tratada corretamente. Acreditamos que falta informação sobre a doença para mãe e o parceiro. No momento do nascimento, muitas delas julgavam que a sífilis não causariam prejuízo ao bebê . Também considero que a busca ativa para o tratamento da mãe e do pai ou parceiro é essencial’, informa a coordenadora da Maternidade.

A sífilis congênita pode ser prevenida e tratada facilmente – desde que o diagnóstico e o tratamento sejam oferecidos às gestantes de forma oportuna durante o atendimento pré-natal. É preciso que todo o sistema de saúde que realiza exames pré-natais no município esteja alerta para esta realidade. É importante também testar e tratar as parcerias sexuais das gestantes com sífilis, para interromper a cadeia de transmissão.’, salienta a enfermeira obstetra.

Além disso, é  preciso garantir que todas as mulheres diagnosticadas com sífilis sejam efetivamente tratadas e acompanhadas para seguimento clínico e laboratorial nos serviços de saúde, bem como seus bebês. É importante também testar e tratar as parcerias sexuais das gestantes com sífilis, para interromper a cadeia de transmissão.

DST

A sífilis é uma das infecções sexualmente transmissíveis (IST) mais comuns em todo o mundo. Se uma mulher grávida infectada não receber tratamento precoce adequado, pode transmitir a infecção para o feto, resultando em baixo peso ao nascer, nascimento prematuro, aborto, natimorto e manifestações clínicas precoces e tardias (sífilis congênita).

A sífilis congênita é a segunda principal causa de morte fetal evitável em todo o mundo, precedida apenas pela malária, de acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS.

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